Capítulo IV
No meio desta confissão, ela
simplesmente parou de contar as primeiras lembranças de sua história, onde foi
interrompida com a janela batendo forte na parede. No instante em que ela
levantou-se para encostar as janelas, refleti em tudo aquilo que ela havia me
dito até ai e fiquei pensando em cada noite de sono que ela já havia perdido só
de pensar nele e me questiono: Será que ele também passou diversas noites em
claro pensando nela?Onde estava aquele personagem principal que tanto
falávamos?Talvez em breve eu descobrisse.
Quando ela retornou ao sofá, vi uma
imensidão toda dentro de seus olhos, talvez seja normal nos tele transportarmos
para algum lugar qualquer quando nos afogamos nas lembranças mais doces que
carregamos conosco. Apesar de seu olhar continuar vago, eu daria qualquer coisa
para estar dentro de seus pensamentos e já descobrir todo esse mistério de uma
vez só, em que eu estava sendo carregada aos poucos, com toda a força, como se
houvesse uma maré forte me puxando para viver tudo aquilo.
De alguma forma, eu imaginava que ás
vezes o destino gosta de brincar mesmo com o rumo que tomaremos nesta vida. Engraçado
como uma pequena palavra possa ser uma imensidão, no qual essa imensidão para
alguns possa existir e para outros não, possa ter um significado e importância
plena, como simplesmente não ser absolutamente nada. Mas o que mais conseguia
me intrigar mesmo, era saber que era realmente possível duas pessoas se amarem
tanto, de verdade, a ponto de nada mais importar, coisa que por um bom tempo,
imaginava ser possível apenas em livros de romances em que tudo dá certo no
final, conceito no qual mudou quando comecei a ouvir a história daquela
senhora.
Até então eu havia entendido que
decepções passam que dar uma nova chance para nós mesmos é fundamental e se
isolar do mundo, do sentimento, do amor por causa de uma queda era uma bobagem,
pois pensar que as pessoas podem ser iguais em questão de ser humano é uma lástima.
Se privar de um sentimento tão lindo por medo de sofrer não nos priva do
sofrimento, nos priva apenas de vivermos tudo aquilo que o mundo nos dispõe, e
fazendo isso, nos deparamos com a solidão, coisa que o ser humano mesmo
inventou para se trancar em seu mundo egoísta e solitário.

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