Capítulo V
Ainda com o antigo álbum em mãos,
ela retoma sua narrativa como se quisesse buscar muito mais detalhes de suas
lembranças, fora daquelas que ela carregava a tantos anos em sua memória.
-Os dias foram se passando, e todo
aquele amor que eu confessei para ele iam aumentando consideravelmente, e a
cada dia que se passava, eu me perguntava se era realmente normal amar tanto
alguém assim, sem esperar tanto em troca, sem medo, sem sentimento de culpa, e
a cada dia que se ia, eu ia tendo a certeza que sim, era possível acreditar que
o amor pode ser infinito, como olhar para além das estrelas e não apenas
finito, como o ser humano estava acostumado a acreditar.
Os dias passando, as semanas e os
meses chegando e havia apenas um detalhe: Distância. No início, tudo parecia um
fim, a dor parecia ser insuportável, mas eu a suportava, a saudade torturava,
mas as feridas insistiam em não aparecer e não apareciam, e os ciúmes. Ah os
ciúmes, tão bobos, tão banais, mas que apertavam meu coração como se quisesse
fazer meu amor sair dali de dentro gota por gota, mas não matou só me machucava.
Mas era tão normal, eu era uma menina que acreditava em conto de fadas, que
nunca teve uma vida instável, não do jeito que ela precisasse que fosse, ela
nunca havia tido alguém que lhe correspondesse ao lado, nunca teve alguém por
tanto tempo, mesmo que esse tempo ainda fosse breve.Eu era apenas uma menina
com um coração cheio e atordoado de amor, que não queria por nada desse mundo
perdê-lo, pois isso seria o fim do mundo, sem exageros.
Eu precisava tê-lo comigo, parar de
imaginar nossos abraços, nossos carinhos, nossos dengos e nossas declarações. Será
que faltava muito para podermos estar juntos?Nem que fosse por um pouco tempo. E
isso era uma resposta que não me contentava, porque qualquer semana para meu
coração eram meses e qualquer segundo de saudade agonizante eram anos. Eu
precisava tê-lo ao meu lado, apenas ao meu lado.
Quando eu fechava meus olhos, só
conseguia ser capaz de enxergar nós e toda a felicidade que eu queria para nós dois.
Naquele momento, eu havia decidido substituir o “eu” e o “ele” por nós, porque
nada mais nesse mundo importava, senão o nós. E isso era o bastante para vencer
qualquer pedra, qualquer obstáculo, qualquer desafio que o mundo viesse impor a
mim, se ele estivesse segurando minhas mãos.
Posso dizer que no começo foi
difícil, pois conquistá-lo todos os dias, lhe dando motivos para realmente me
amar e perceber que ao meu lado, ele poderia ter, ser e viver tudo aquilo que
até então não havia tido, sido e vivido. Eu queria fazê-lo crer que tudo aquilo
que ele havia pensado que fosse o certo sobre o amor até então não passasse de
um murro que ele estava construindo para evitar que pudesse se machucar. Eu
consegui quebrar esse murro, esse conceito, essa definição e trazê-lo para o
meu mundo, para a felicidade que eu queria para ele, para mim, enfim, para nós.
Felicidade que nada conseguiria destruir; nem distância, nem tempo, nem inveja
alheia, nada.Porque aprendi que o verdadeiro amor, é capaz de bater de frente e
derrubar qualquer coisa que seja desamor.
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