sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Max Weber: Mais moderno do que você pensa

Olá!

     Estudar Max Weber, é estudar uma ciência sociológica, que apesar de mais de cem anos, é atual em nossa realidade social. Essa postagem não é apenas para estudantes de direito, vestibulandos, estudantes de economia, administração etc. É de extrema a importância para todos, uma vez que sua decisão pode alterar o curso de tantas outras e do panorama social por completo. Quando nos deparamos com conhecimento, temos tendência de nos mantermos fechados, porém, isso se torna um erro equívoco, pois devemos mesmo, é nos abrir. Quando estudamos a sociologia compreensiva de Weber, estudamos um cenário histórico e científico rico, que abre diversas brechas para explanações. Vem conhecer um pouco mais da sociologia weberiana.

                                  

Teoria da ciência 

     Para se estudar e compreender a sociologia de Weber, é importante partir das concepções dos 4 tipos de ação:
-Ação racional com relação a um objetivo: O indivíduo age racionalmente para atingir um objetivo extrínseco.
-Ação racional com relação a valores: O indivíduo age racionalmente, não para atingir um fim, mas para resguardar ou atingir um valor que considera importante.
-Ação afetiva: O indivíduo age de acordo com sua emoção ou sua afetividade, e na maioria das vezes, não possui racionalidade.
-Ação tradicional: O indivíduo age de acordo com um costume, uma tradição, seguindo o que é estabelecido.
     A sociologia weberiana é compreensiva, e tem como objeto de estudo os tipos de ação. Ele caracteriza a racionalidade, como uma importante característica das sociedades ocidentais modernas.Sua ciência é filosófica e compreensiva, buscando sempre de forma racional buscar resultados, em que este afirma, ser impossível de alcançar, pelo fato em que a sociedade está mudando constantemente. Utilizando essa racionalidade, mostra uma incessante busca pela validade universal científica.
     Valorizava o fato do pesquisador ter seus próprios valores, porém negava o fato de este, poder deixar explícito em sua pesquisa eles, pois de maneira alguma, poderiam vir a interferir nos resultados; com isso se dá a validade científica.Diferentes de muitos sociólogos, ele valorizava tanto o passado(a importância das causas históricas), quanto o presente(o que está por vir) e a realidade em si que está inserido. Pois estes, viriam a construir o presente. Seu pensamento não era linear como defendia os positivistas, eles afirmava que a cada tomada de decisão do indivíduo, ele fará novas escolhas, e estas, o levariam a consequências e provavelmente a novas escolhas, não traçando uma linearidade.
     A ciência proposta por Weber, passou por um processo de racionalização, que se caracteriza por não ter um acabamento(ou seja, a ciência não tem um fim, a verdade não terá um fim, e só viria a ter, se a vida humana terminasse); ela é objetiva, ou seja, não parte de pressupostos subjetivos carregados de valor. Por fim, a ciência é um eterno devenir, por sempre haver análises, buscas, interpretações e validações.
     A história e a sociologia são inacabadas, e são de extrema importância para o estudo de Weber. Ele afirma, que a sociedade, como está me constante mudança, altera seus valores, seus acontecimentos e o cientista precisa se adaptar para refazer perguntas e reavaliar fatos.
     Weber, depois de muitas análises, afirma que as ciências da cultura, se diferem profundamente das ciências naturais, por serem compreensivas, históricas e se orientam para a cultura.
     Nesses dois tipos de ciência, o termo compreensão se difere. Nas ciências da natureza, para haver compreensão, é preciso haver comprovações através de proposições e resultados matemáticos; já nas ciências da cultura, não é preciso essa comprovação, pois o cientista, através de uma gradual análise de documentos, consegue construir essa compreensão, pois as condutas sociais são inteligíveis, a ponto de poder se entender através de gestos e atos com facilidade. A resposta para a não necessidade de comprovação para compreender, é que somos dotados de consciência. Não compreendemos de imediato, é preciso claro de análises, porem não como as outras ciências exatas. É uma inteligibilidade intrínseca.
     As ciências da realidade humana, se baseiam na questão histórica, naquilo que não se repetirá, e na questão sociológica, na reconstrução das ideias e do funcionamento das instituições sociais. O objeto de seu estudo é a humanidade, mesmo que ele estude a singularidade. Tem como objetivo alcançar a validade universal e ser um eterno devenir, onde estudará toda a estrutura e acontecimentos sociais, e por fim, a sociologia weberiana tem como objetivo, compreender os valores impostos ás obras sociais.
     Weber, coloca á sua frente uma reflexão importante, a respeito da diferença em um julgamento de valor e uma relação aos valores. Como já discutimos, a sociedade está em constante mudança, e uma tomada de decisão individual pode alterar toda a história. Isso ocorre, pois há a presença de uma subjetividade e pessoalidade, principal característica de um julgamento de valor. O indivíduo pode, a partir de um conceito, delimitá-lo, defini-lo e o posicionar hierarquicamente de acordo com outros conceitos. O que o cientista social faz, é uma relação á valores, ou seja, esta, que possui como principal característica a objetividade, impede que o cientista empregue seus valores e julgamentos próprios dentro dessa pesquisa, onde ele irá apenas analisar, compreender, com base em todos os processos sociais realizados.
     Quando se vai escolher o objeto de estudo, é preciso que o cientista relacione a sua materialidade história e sociológica com valores.Ele afirma que deve-se fazer isso, pois devemos selecionar os fatos ocorridos na história, para compreendermos, de certa forma, a realidade social da época, do presente, e através de juízos probabilidades e hipóteses, se chegar suposições, de como uma tomada de decisão em um indivíduo la na história, a modificou por completa e pode vir a interferir futuramente. Essa seleção de fatos históricos, se dá pela extrema importância que os documentos antigos possuem, pois eles auxiliam a remontar todo um cenário histórico-cultural, onde se situou determinada situação, com o fim de compreendermos o momento atual.
     As ciências humanas, ao contrário das da natureza, não são acabadas e não se reduzem a juízos hipotéticos-dedutivos, de onde se conclui as coisas. Nesse caso, é feito uma seleção, interpretação, análise e uma compreensão do que ocorre. Isso se dá, pois as questões são respondidas, a partir do interesse que o cientista coloca sobre essas questões, na hora de obter respostas. Ele as formula conforme o seu interesse, e se volta para um determinado campo.
     Há um sério problema, onde Weber identifica como uma antinomia: O cientista se apaixona por sua pesquisa e por isso não conseguirá ser nem imparcial e nem objetivo, podendo expor seus resultados. A solução para isso é o cientista adotar uma posição com senso á respeito do que está estudando, para compreender de forma autêntica, sem ao mesmo tempo se distanciar do seu interesse em procurar tais resultados com base em validações universais.
     Weber afirma que nenhuma sociedade pode dizer como se deve viver ou se organizar e nem mesmo indicar qual será seu futuro, pois estas são questões caracterizadas por ele como inúteis.O futuro não é predeterminado, e quando acontecem fatos que o faz ser, o indivíduo pode tomar a liberdade de fazer escolhas e determinar sua conduta, e esta, influenciará la na frente. Uma solução possível, é que a pesquisa seja feita utilizando a subjetividade com racionalidade, havendo após uma análise e uma compreensão que se submete, para comprovar sua validade universal. 
     Weber só estudará a conduta humana, quando esta for social.E um dos seus maiores dilemas, é como o homem, vivendo em diversos tipos de sociedades, crenças e concepções simplesmente como conseguiu viver e se adaptar.

História e Sociologia

     As ciências sociais, além de compreensivas, são causais. Além de buscarem compreender os fatos, elas buscam explicar por que determinadas circunstâncias influenciram os indivíduos em determinada época. Através disso, consegue-se chegar a uma validade universal.
     Podemos dizer que há dois tipos de causalidade: Causalidade histórica, que se preocupa em explicar os fatos que se sucederam, as circunstâncias que provocaram tal acontecimento, e a causalidade sociológica, que determina uma relação entre dois fenômenos, que se torna ligado á causalidade histórica. É preciso primeiro, reconstruir o indivíduo histórico, em segundo, analisar o fenômeno histórico e por terceiro, se questionar o que teria acontecido, se tais fatos não tivessem se sucedido de tal forma.
     Os historiadores têm a tendência de estudarem o futuro como indeterminado e o passado incerto.Porém, se esquecem que o nosso passado, foi o futuro dos que ficaram na história. Por isso é importante fazer suposições irreais, do que teria acontecido se tal coisa houvesse ocorrido, para assim desconstruir a história e compreende-la. Cada atitude tomada, independente de um homem de ação, deixasse para outro tomar, teria ocorrido algo de diferente, pois cada indivíduo é diferente um do outro.
     A história não está determinada e os homens de ação não podem vir alterá-la.Quanto mais um historiador utilizar da probabilidade, e dispuser de proposições genéricas, mais facilmente irá desconstruir a história e compreender, fortalecendo a causalidade histórica. A probabilidade está sempre presente, principalmente quando se trata da questão da causalidade histórica e sociológica, onde o cientista social traça diversas proposições para as situações e estabelece uma relação entre elas, quando analisa seu acontecimento.
     O pensamento weberiano se destaca pela questão da probabilidade e da oportunidade, principalmente dentro da causalidade histórica. Através de proposições,estabelece-se uma relação entre um fato e outro, onde certas condições propiciam os acontecimento. Na causalidade sociológica, o que se destaca, é que não há um fator em si que determina as relações, mas sim, ele como resposta, estuda as relações causais como relações parciais e prováveis, Ou seja, um fragmento torna provável ou improvável algo , ou que um pilar influencia os quesitos sociais.
     Ele afirmava que não poderíamos saber como seria a sociedade do futuro, mas poderíamos prever algumas características, como a racionalidade e burocratização.
     As ciências humanas, são ciências históricas. Mesmo que se preocupem com a singularidade, o devenir, não descartam os estudos de fatos genéricos. Essas proposições gerais podem ser estudadas a partir de uma compreensão história adquirida por análises e comparações.
     Weber, assim, cria a concepção de tipo ideal. Tipo ideal é uma ferramenta de compreensão, uma organização de relações inteligíveis próprias a um conjunto histórico ou uma sequência de acontecimentos.(ARON, 2000, pág 465).
     Pertence á sociedade moderna, praticamente incluído dentro do processo de racionalização.Através da construção desses tipos, podem tornar a matéria como ideia, percebendo sua racionalidade. Ele está vinculado á análise e parcialidade da causalidade, onde faz com que indivíduos e situações históricas sejam percebidas, atuando como uma régua para medir tipos.
     O tipo ideal pode ser usado como uma conceituação de todos os tipos de conceitos e definições, mesmo que estas sejam parciais. O dever do sociólogo é tornar inteligível a matéria, do qual vivenciou. Esse tipo ideal, utiliza alguns traços e características, das quais definem com originalidade um tipo de indivíduo ou um grupo, para os classificarem. Esse idealtípico se liga aos valores e a compreensão.
     Esses tipos ideais são classificados por Weber em 3 espécies:
-Ideal típico de indivíduos históricos(capitalismo ou sociedade ocidental): Reconstrói a sociedade de forma inteligível em uma realidade global e singular. Global, por atingir uma grande parte e singular, onde o sociólogo reconstrói selecionando coisas importantes para unir ao todo inteligível
-Tipos que designam elementos abstratos da realidade; Em cada acontecimento, há circunstâncias que se situam em diferentes níveis de abstração, na medida que influencia aquele acontecimento.
     *Conceitos de baixos níveis de abstração em uma sociedade: Feudalismo ou burocracia.
     *Conceitos de altos níveis de abstração na sociedade:
         -Dominação racional; utiliza´-se por processos racionais, leis e regulamentos.
         -Dominação tradicional:Pelo passado e costume;
         -Dominação carismática:Pela virtude excepcional.
Esses tipos de dominação, são um conjunto de um conceito denominado atômico. Esses são utilizados principalmente, na questão da política. Não existe regime puro, composto por um só tipo de dominação, por isso é importante estudar muito bem e defini-los. Ao reconstruir os tipos ideais, não damos um fim a investigação científica, mas sim, se torna um meio. O afastamos da realidade aparente, para o apreendermos em uma realidade mais complexa.
      *Conceitos altíssimos de abstração: Ação racional com relação a um objetivo, ação racional com relação a um valor, ação afetiva e ação tradicional.
     Esses níveis de abstrações citados, são tipos ideais construídos por Weber.


Antinomia da condição humana

     As ciências humanas são compreensivas e causais, e essa causalidade pode ser histórica ou sociológica. O historiador, parte de uma mesma linha de estudo de um fato, uma mesma conjuntura, e o sociólogo, estuda diversos fatos repetitivos, que podem se repetir, ou que são suscetíveis ou não de ocorrer. Utiliza-se o tipo ideal, como ferramenta de compreensão. Eles são um meio de atingir a compreensão da subjetividade do homem que tem de si mesmo. Porém observa-se a questão da racionalização e percepção lógica, sendo ela implícita ou explícita.
     Em toda a sua filosofia, ele faz uma distinção entre relação e valores, procurando também, fazer com o que o próprio sujeito compreenda sua existência no mundo. Os valores não se criam no plano sensível e nem no planto transcendente, mas sim, se formam nas decisões humanas, na busca pela verdade. A ciência está relacionado aos fatos, á provação; e os valores, ao livre arbítrio e á liberdade humana. Durkheim dizia que a sociedade viria a impor valores sobre os homens, e Weber, negaria isso, dizendo que são as decisões do homem que constroem valores, e por isso, a sociedade não é concreta, mas construída de subjetividades.
     Quando ele vem elaborar a questão da antinomia humana, ele busca compreender por exemplo, como a religião consegue influenciar a tomada de decisão dos homens, e a partir disso, ele constrói a antinomia da ação.
     O principal pilar dessa antinomia da ação, é a moral da responsabilidade e moral da convicção, contrapondo Maquiavel e Kant.
     A moral da responsabilidade, engloba a ética da responsabilidade, que trata mais da questão em que você faz na hora de tomar decisão, a responsabilidade que você precisa adotar, mediante uma previsão de consequências á frente, basicamente, meios e fins. Ou seja, os meios não importam para que se atinjam os fins, ou basicamente, o bem comum, se preocupando com a eficácia. Os meios devem ser escolhidos mediante os objetivos desejados, porém, estes em sua maioria, permanecerão indeterminados. Ele não acreditava nessa hierarquização de fins dentro de uma sociedade, e cada um deveria agir segundo seus valores, implicando de certa forma sacrifícios. Esses sacrifícios se referem por exemplo, na questão do poder dentro da sociedade, onde os valores estão impregnados na coletividade, e se fazer determinada ação em prol de uma classe, haverá um sacrifício para a outra.
     A Antinomia fundamental, é a questão da teoria da justiça. Onde nascemos todos desiguais, mediante porte físico, intelectual etc por exemplo. Essa desigualdade já está caracterizada em nosso gene, com uma questão de probabilidade. Alguns tentam apagar essa desigualdade com um esforço social e outros tentam suprir mediante outras qualidades. A desigualdade é por fim, algo natural, e a ciência não consegue explicar a questão de defesa da proporcionalidade dessa desigualdade natural na condição social e o esforço para que essa seja suprimida. "Cada um deve escolher sozinho seu Deus ou seu Demonio."(ARON,2000, apud. pág 471.)
     A escolha dos nossos valores implica na ética da convicção. Nesta, agimos de acordo com nossos sentimentos, independendo das consequências futuras, e dois exemplos clássicos: o sindicalista revolucionário e o pacifista absoluto.
    O pacifista absoluto, mediante a convicção de seus valores, se recusa a agir com violência, pois é isso que resguarda, mesmo que preveja as consequências, vem a ignorar. O sindicalista revolucionário, revoltado com a sociedade, age com violência em algumas situações, mesmo prevendo as consequências, mas não deixa de agir assim, pois faz parte dos valores e de sua convicção.
     A partir da concepção destas suas éticas, há dois segmentos: A instrumental se importa em atingir os objetivos, seguindo meios para isso e a outra, a moral, nos faz agir sem pensar, sem levar em consideração as consequências.
     Essas duas éticas são dicotomias que se complementam e juntas, constroem o homem de vocação politica.


A sociologia da religião


     Através da análise da moral da convicção, é criada a ideia e o tipo ideal do da sociologia da religião.Ele parte da ideia que pode o pacifista cristão, vive conforme os valores que atribui em sua vida e que ele adquiri. Weber adere a ideia, conforme com o questionamento de que até ponto as concepções religiosas influenciam na economia. Assim, são determinantes na conduta econômica de cada indivíduo e em toda a sociedade.
     A concepção religiosa do homem, integra-se como uma visão de mundo, junto com a ideia de que o homem tem da existência de si mesmo. Sobre esses primas, weber relacionou sua ideia entre o espírito capitalista e a ética protestante, os relacionando. O capitalismo possui singularidades que variaram de acordo com cada sociedade, existindo assim mais de um tipo de capitalismo, um tipo ideal, onde nesse caso, serão diversas formas de características que por fim, ocasionam situações.
     O tipo ideal capitalista construído por Weber, baseia-se na existência de diversas empresas, que através de um meio organizado e racional, buscam incansavelmente o lucro. Essa organização racional da empresa, junto com as previsões de um mercado regular e não ás oportunidades irracionais ou políticas especulativas, não são a única peculiaridade do capitalismo ocidental.(ARON,2000.pág477). Se não fosse a separação entre a família e a empresa, e a contabilidade racional, não seriam possíveis tais características nas sociedades ocidentais.
     Quando falamos de capitalismo, não podemos ignorar o processo burocrático e nem menos, pensar que é apenas uma peculiaridade das sociedades modernas, pois assim como o capitalismo, já existiu em outras sociedades. Esta, porém, carrega algumas características como uma organização coordenada entre os membros numerosos, onde cada um exerce uma função que independente de ser diferente uma da outra, estão ligadas. A impessoalidade está sempre presente, pois trata-se de normas rígidas a serem cumpridas pelos burocratas.
     O pensamento de Weber, também se baseava e temia, que a margem de liberdade da ação do indivíduo viria a se limitar dentro da sociedade, que Marx e Sant Simon acreditavam ser ideais. Aqui já não se importa com os meios metafísicos e morais para compreender o regime capitalista, inclusive, ignora a religião que o indivíduo segue determinadas religiões, só se importam com a maneira que ele se comporta em meio ao sistema e as demandas que exige.
      A partir dessas ideias, ele afirma que o capitalismo, tem lá suas raízes na ética protestante.Pois ele afirma, que não a religião em si que influencia na questão econômica, mas sim, ás suas concepções influenciam diretamente no comportamento dos indivíduos em meio á situação econômica. Com isso, chega-se a conclusão de que em nenhum momento na história, o capitalismo se manifestou dessa forma, como nas sociedades modernas e precisamente no protestantismo.
     Há uma visão de mundo relacionado á questão da vida econômica, pois o protestantismo, tem uma visão diferencial do trabalho, que se liga á questão econômica. Essa ética protestante, é o Calvinismo, devido ás suas singularidades.
     Nas confissões de Westeminster, ele afirma que Deus todo poderoso predestinou cada um de nós á salvação ou a condenação, no momento em que se nasce, e dependemos de nossas ações. Deus criou o mundo para sua glória, e o homem deveria trabalhar para a sua glória e para criar o reino de Deus na terra, assim, as coisas terrestres são pecadoras e a salvação é o homem ter um dom totalmente gratuito e divino na graça divina. Leva em conta um anti-ritualismo e o misticismo. O homem nunca saberá, quais ações devem cumprir para ser salvo, ou se será ou não, pois isso seria o mesmo que tentar invadir os segredos de Deus. Desta forma, a única alternativa, era trabalhar, guardar dinheiro, pois assim agradaria á Deus, pouparia dinheiro e garantiria o lucro(características capitalista).
     O desapego dos bens deste mundo(compra constante) e o asceticismo, são características que preencher o protestantismo, além de manter uma rotina organizada e racional de trabalho. De fato, isso propiciou o desenvolvimento capitalista. Ou seja, deduziu que um sistema de crenças podem ser determinadas por um sistema econômico, e um sistema econômico vem a determinar um sistema de crenças.
     Dessa questão, o indivíduo trabalhará muito para conquistar a felicidade e o equilíbrio.Há uma racionalidade no sistema capitalista, mas há outra na religião, que seria uma semi-racionalidade psicológica.
     Ao contrário de Durkheim, que divide as coisas em profano e sagrado, Weber, traça o fenômeno de desencantamento com o mundo, onde deixa de fato os ritos e mitos.
     Assim como o bem existe, o mal vem a existir também, e a resposta que Weber dá para isso é o misticismo e o asceticismo(que pode ser do mundo e fora do mundo), sendo estes caminhos para a redenção.
     Há um conflito entre ciência e religião, onde uma tenta excluir a outra. Porém, na visão de Weber, uma dá provações das coisas e a outra,explica situações importantes que não podem ser provadas.    
    Cada um deve escolher seu Deus ou demônio, na medida que decide então, em qual dos ramos decide acreditar.

Economia e sociedade

     Nesse processo, ele trata de diversas conceituações ao mesmo tempo, como economia, direito, religião e etc. Ele afirma que a sociologia é a ciência da ação social, porém ressaltamos que uma ação é social, quando se relaciona com a conduta de outro sujeito. Dessa forma, ressalta-se a importância de saber que há uma compreensão, uma interpretação e uma explicação.
     Através da ação social, se instaura uma relação social, quando uma ação individual está completamente relacionada á ação do outro. É necessário haver algo que regule essas relações e estas se chamam o costume(advém de uma repetição de coisas) e hábito(advém de tradição, de longo cumprimento). Quando ocorre essas intervenções, dizemos que há uma regularidade, e por isso, há outra interferência, mas da ordem legítima. O que ajuda a regular essas ações sociais, é a questão da probabilidade.
     A ordem legítima que nos referimos, trata-se das formas de controle social, como a convenção e o direito, por exemplo. A ordem legítima é convencional, quando trata-se de uma sanção, imposta pela coletividade, e é jurídica, quando trata-se de uma coerção fisica. A classificação das ordens legítimas, se assemelham bastante com as ações: São afetivas, racionais com relação á valores, religiosas e de interesses. As de interesses podem ser racionais com relação á um objetivo e as religiosas podem ser as tradicionais.
     Na ideia Weberiana, há a noção de combate, pois segundo ele, a sociedade é feito de acordos e de combates, e estes, estão inclusos na questão da relação social, onde a conduta de um, interfere no outro, e essa vontade de se sobressair no outro. Por isso, é importante essa questão dos combates, pois eles, assim como as relações sociais, propiciam a formação de comunidades e sociedades, pois ambos acabam sendo processos de integração.
     Quando desse processo de integração resulta uma comunidade, há um sentimento de pertencimento, há uma ação emocional incluída. Quando resulta em uma sociedade, há toda aquela questão racional, á uma regulamentação, sem necessariamente haver o sentimento de pertencer. A outra forma, é o agrupamento, por sinal, inclui essa questão de órgãos administrativos nas sociedades ou comunidades, como um modo de regulamentação. A integração pode resultar também na formação das empresas, que há toda uma questão de racionalidade envolvida há um fim, se unida com o agrupamento, se caracteriza então como uma integração com ação racional a um fim, com um devido órgão administrativo, que faz com que a conceituação de Weber progrida.
     Weber dá dois conceitos importantes: Associação(que é regulamentada e os membros acabam se submetendo por vontade própria) e a instituição(onde é regulamentada, e os membros acabam acatando por haver decretos que os obrigam). Delas derivam a ideia de poder(onde demonstra a probabilidade de uma ator se sobressair do outro, dando uma ideia de superioridade, porém esse poder não é uma ordem legítima) e dominação(onde o ator tem a probabilidade de dominar o outro, porém há o reconhecimento das partes dessa dominação). Dessa ideia, surgirá mais um agrupamento, que é o agrupamento político, onde transcendo a ideia território, regulamentação, ordem legítima. Por último, há o agrupamento hierocrático, ou sagrado, onde há uma subordinação de poder legitimado e sagrado.
     Em sua obra de economia e sociologia, Weber, buscava compreender a sociedade de sua época, onde acabava imprimindo sua própria personalidade na compreensão da economia e da política. Sua sociologia buscou-se compreender a essência política e econômica, se preocupando coma subjetividade da conduta humana, em meio a tais situações, pois é nesses dois planos que efetivamos nossas ações.
     Uma ação orientada economicamente, se baseará para suprir a necessidade dos desejos de utilidade. Disso, se aplica á ação orientada e não no comportamento humano, Esse suprimento de utilidade, se dá tanto de bens materiais, quando imateriais, como os serviços por exemplo. Com o passar do tempo, os conceitos de banditismo e guerra foram construídos, mantendo a ideologia de suprir tais desejos de utilidade, dessa forma, se apropriando dos bens alheios. O trabalho para weber, é um instrumento de agir econômico, utilizado pacificamente, para suprir esses desejos de sermos úteis,
     A diferença entre esse agir econômico e político, é que a economia se liga a satisfação da necessidade de ser útil e a política, trata da dominação de um grupo sobre o outro. A economia e política, apesar em sua conceituação parecerem opostas, estão o tempo todo interligadas, pois dentro delas há um pouco de cada uma. Política nada mais é do que a dominação de um homem sobre o outro.
     Tipos de dominação:
     A tipologia da dominação, se define pelo caráter e forma do dominador e da obediência. Não existem tipos puros, e na realidade, há sempre uma mistura entre essas formas de dominações. Porém, não devem-se confundir as ações e condutas, com as motivações de obediência, apesar de serem semelhantes e algumas vezes se cruzarem. Elas podem ser:
-Dominação Racional; Aquela em que o dominador se sobressai dos demais através de leis, regulamentações jurídicas, burocráticas e racionais;
-Dominação Tradicional; Aquela em que o dominador detém respeito e poder através de tradição e costume, de longa data;
-Dominação carismática;  A relação de dominação se dá pela personalidade da pessoa, simbolizando algo bom.
     O objetivo de Weber é sempre o mesmo: Compreender as instituições, levando em conta cada singularidade daquilo que as compõem, integrando todos os fenômenos em um único quadro contextual, sem eliminar nenhum conceito e nenhuma singularidade.
                   

Referências: As etapas do pensamento sociológico-Raymond Aron,





   













Nenhum comentário:

Postar um comentário