domingo, 3 de janeiro de 2016

A noite é para desmoronar [...]




     A noite chega mais uma vez, e eu desmorono. Não sei o que fazer depois que você partiu, pois aqui onde estou, foi gerado um enorme hiato sem sua presença. Cruzar de divisória a divisória só tem me transmitido dor, pois em casa pedacinho delas, sinto sua presença ali tão viva.
     Eu conclui, que a dor de lhe ver partir, é proporcional à imensa alegria de lhe ver chegar, e disso, ainda concluo que é devido ao imenso amor que sinto por você, este, na qual, neste momento tenta controlar a dor e a saudade que tem me causado. Desde que você havia chegado, eu tentei evitar o máximo possível para não pensar em nossa despedida, mas nos últimos dias, tornou-se impossível. Era sorrir num instante e soluçar de tanto chorar em outro. Eu sei que não é para sempre, que esse é apenas um até logo, mas como posso eu, resistir a não me entregar aos prantos de lágrimas, se sinto seu cheiro na camiseta que deixou em cima da minha cama, no jogo de xadrez deixado no meu bidê, e o calor do nosso amor fixado em meu lençol.
     Decidi essa noite não ter forças para tentar ficar bem, pois sei que logo isso vai ocorrer. em breve. Mas, por um motivo tão singelo, decidi que todas as minhas lágrimas hoje, não seriam apenas de tristeza e de despedida, mas também de alegria e de realização. Mais uma etapa juntos, mais uma parte de nossa história se realizando, mais uma coleção de lembranças.
     Nos tornamos tão fortes, e basta olharmos ao nosso redor como permanecemos firmes e convictos no que mais acreditamos: Em nós. Mas a força que nos mantém em pé, não foi o suficiente para evitar que minhas e as suas lágrimas escorressem daquela forma brutal na rodoviária. Eu conseguia ver seu reflexo dentro do ônibus, mas não queria acreditar que era de partida. Desde aquela hora, meu coração ainda não teve um minuto de sossego, e eu realmente não sei o que fazer agora, porque tínhamos decidido que dessa vez não foi a pior despedida, mas preciso discordar de ti, pois os efeitos de sua partida têm sido cada vez piores.
     O pior de tudo, é que a dor é tanta, que meu cérebro cria a ilusão de que tudo o que passamos nesses dias foi apenas um sonho do qual despertei neste momento. E está doendo tanto.
     Não ouço mais sua voz ecoando pela casa, não ouço sua risada passando pela repartição de madeira do meu quarto, e nem mesmo, não sinto seus passos descalços pela cerâmica, e nem tampouco, os sustos que você me dava pela madrugada. Amanhã, seu cantinho não estará arrumado na sala e sei que mais uma vez irei chorar. No lençol e no travesseiro ainda tem seu cheiro, e em meu corpo também, mas sei que logo com o banho sairá de minha pele, e irei chorar novamente. O contato dos seus lábios já não estão mais nos meus, pois os soluções consumiram cada pouquinho do toque que havia me dando antes de subir as escadas do ônibus. Todos me olhavam com cara de pena, porque sabiam como eu estava desmoronando daquele jeito, mas nenhum deles conhecia a dor que invadia o meu peito e meu corpo todo, e mesmo assim, me mantive em pé, por nós.
     Ninguém, ou poucas pessoas nos entendem, mas mesmo assim, nenhuma delas nos entende como nós.Temos uma forma tão moderna de nos relacionarmos, mas uma forma tão antiga, tão especial de amar. Temos uma forma tão única de sermos apenas nós. 

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